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Soma Namaskāra – A Saudação à Energia do Silêncio nos Namaskramas do Método INatha.

  • Foto do escritor: INatha
    INatha
  • 31 de ago.
  • 4 min de leitura

Atualizado: 1 de set.


O Método INatha possui um ciclo de práticas que resgatam a sacralidade do tempo lunar e solar, integrando ritmo, corpo e consciência em uma arquitetura viva de purificação, esse ciclo de práticas recebe o nome de Namaskramas. Entre esses ciclos lunar e solar, surge o Soma Namaskāra, a Saudação à Energia do Silêncio, prática que ocupa lugar central no eixo dos Namaskramas.


Diferente de uma simples sequência corporal, o Soma Namaskāra é um rito interior, um gesto de reverência à dimensão silenciosa da existência.


Ele se realiza dentro de um ciclo mensal de quatro dias de purificação, nos quais a energia do silêncio é evocada progressivamente até culminar na plenitude da lua cheia.


Os quatro dias do ciclo de Soma Namaskāra


1. Ekādaśī da quinzena escura (Kṛṣṇa Pakṣa)

O primeiro momento de purificação se dá no 11º dia da lua minguante. Tradicionalmente reconhecido como tempo de jejum e recolhimento, este dia é dedicado à dissolução dos excessos e à lapidação da mente. No contexto do Soma Namaskāra, é a abertura da escuta interior — o silêncio começa a se insinuar, convidando o praticante a se libertar da densidade acumulada.


2. Śivarātri mensal

O 14º tithi da quinzena escura marca o ápice da noite da Lua, quando o céu anuncia a proximidade da lua nova. É o tempo de Śiva, o Senhor do Silêncio e da transcendência. Nesse dia, o Soma Namaskāra aprofunda o gesto de dissolução, tocando o ponto mais íntimo da consciência: o ardhanārīśvara, a fusão dos opostos, onde a dualidade cede lugar ao estado indivisível.


3. Ekādaśī da quinzena clara (Śukla Pakṣa)

Após a lua nova, o ciclo renasce com a Ekādaśī da lua crescente, símbolo de renovação e ascensão da luz. Este dia é o momento de purificação ascendente, em que a prática do Soma Namaskāra se volta à regeneração do corpo sutil e à clareza mental. A energia do silêncio já não é apenas dissolução, mas agora floresce como consciência desperta.


4. Lua cheia – Integração suprema (Pūrṇimā Namaskāra – पूर्णिमा नमस्कार)

O quarto e último encontro é o ápice do ciclo lunar: a Lua cheia (Pūrṇimā)


Nesse dia, realiza-se a grande síntese, quando todas as energias cultivadas nos dias anteriores se encontram em uma prática de integração suprema.


Aqui nasce o Pūrṇimā Namaskāra, um Namaskrama especial que integra os três gestos fundamentais:


  • o Sūrya Namaskāra (सूर्य नमस्कार), a Saudação ao Sol, que desperta a consciência ativa e a energia solar (piṅgalā);


  • o Candra Namaskāra (चन्द्र नमस्कार), a Saudação à Lua, que abre o corpo e a mente para a receptividade e o fluxo lunar (iḍā);


  • o Soma Namaskāra (सोम नमस्कार), a Saudação à Energia do Silêncio, que recolhe e transcende ambos os polos na energia da plenitude (suṣumṇā).


O Pūrṇimā Namaskāra não é apenas a soma das três práticas, mas a sua integração alquímica.


Nele, Sol, Lua e Silêncio não aparecem mais como gestos separados, mas como um único fluxo de energia, em que polaridade e síntese dançam juntas no espaço da consciência expandida.


Assim, a lua cheia coroa o ciclo mensal como um ápice ritual, onde corpo, energia, mente e espírito, tornam-se veículo da unidade cósmica.


O Pūrṇimā Namaskāra simboliza o momento em que o silêncio do Soma encontra a luz do Sol e a suavidade da Lua, configurando o tríplice eixo da existência:


  • Sūrya – energia da consciência ativa;

  • Candra – energia da receptividade e do fluxo;

  • Soma – energia do silêncio e da plenitude interior.


Dessa forma, o ciclo do Soma Namaskāra encontra sua plenitude não apenas na prática individual do silêncio, mas em sua fusão com as duas outras saudações, revelando o estado de totalidade.


Soma – o silêncio que nutre

Na tradição védica, Soma é ao mesmo tempo uma deidade, um princípio cósmico e uma substância de imortalidade. No contexto do Método INatha, Soma é compreendido como a Energia do Silêncio, não como ausência, mas como presença nutridora que sustenta todas as formas de vida.


O Soma Namaskāra é, portanto, uma saudação ao não-dito, ao não-nascido e ao não-lugar — uma entrega ao espaço que antecede e transcende todas as formas.


Panorama dentro dos Namaskramas

O Método INatha organiza os Namaskramas como saudações rituais que alinham o corpo e a consciência aos ritmos do cosmos. Cada Namaskrama tem uma energia predominante:


  • Sūrya Namaskāra – o gesto solar, dinâmico, afirmativo, voltado à consciência ativa;


  • Chandra Namaskāra – o gesto lunar, receptivo, fluido, voltado à interiorização;


  • Soma Namaskāra – o gesto silencioso, sustentado pelo vazio, voltado à transcendência.


Enquanto o Surya e o Chandra Namaskāra movem-se no eixo do tempo, o Soma Namaskāra aponta para a dimensão que transcende o próprio tempo.


Ele é o silêncio que antecede, apoia e coroa a dança entre Sol e Lua.


Conclusão – O silêncio como ápice da prática


O ciclo mensal de quatro dias de Soma Namaskāra é uma pedagogia da purificação que culmina na experiência do silêncio.


É uma jornada de esvaziamento e preenchimento, de dissolução e integração, em que o praticante aprende a beber do Soma — a se nutrir do silêncio como energia vital sutil.


Assim, dentro do Método INatha, o Soma Namaskāra não é apenas mais uma saudação, mas o coroamento dos Namaskramas, pois revela que além da luz do Sol e da Lua, existe a fonte silenciosa que sustenta o todo.

 
 
 

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