Namaskramas - O Eixo Ritual do Método INatha: Súrya Namaskar, Chandra Namaskar e Soma Namaskar.
- INatha

- 28 de ago.
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No coração do Método INatha, o Krama Jalám (a "Rede de Sequências") estrutura-se como um mapa de práticas interligadas, onde cada gesto, cada respiração e cada ritual convergem para a integração corpo-mente-espírito.
Dentro dessa teia, emerge o eixo ritual Namaskrama, um tríplice caminho de saudação que harmoniza as polaridades cósmicas e abre portais para a transcendência.
Este eixo é composto por Súrya Namaskar (saudação ao Sol), Chandra Namaskar (saudação à Lua) e Soma Namaskar (saudação ao néctar da união), alinhando-se ao princípio védico de Ṛta—a ordem cósmica que rege todos os ciclos naturais.
1. A Base Filosófica: Ṛta e a Dança Cósmica
No Vedismo, Ṛta é a lei universal que rege o movimento dos astros, a alternância das estações e os ritmos biológicos. É a expressão da harmonia entre o micro e o macrocosmo.
O Namaskrama opera como um yajña (sacrifício ritual) contemporâneo, onde o praticante se torna o altar vivo, sincronizando seus ciclos internos com os movimentos celestes.
Súrya Namaskar representa o princípio solar (Prakāśa—luz, ação, consciência), alinhando-se a Píngala Nāḍī.
Chandra Namaskar encarna o princípio lunar (Vimarśa—reflexão, receptividade, emoção), sintonizando-se com Idā Nāḍī.
Soma Namaskar é a síntese—o néctar (Amṛta) que surge da união dos opostos, ativando Sushumnā Nāḍī e conduzindo à não-dualidade (Advaita).
2. Os Três Pilares do Namaskrama
Súrya Namaskar: O Ritual Solar
Função: Ativar a energia vital (Prāṇa), fortalecer a vontade (Icchā Śakti) e ancorar a consciência no tempo cósmico.
Ritmo: 1 vez por semana, seguindo o movimento anual da Terra ao redor do Sol (a cada 10° da eclíptica).
Simbolismo: Representa a jornada heroica (Hiraṇyagarbha)—o despertar do fogo interior (Agni) e a conquista da iluminação.
Chandra Namaskar: O Ritual Lunar
Função: Cultivar a receptividade, purificar as emoções e sintonizar com os ciclos da mente subconsciente.
Ritmo: 1 vez por semana, acompanhando as 4 fases lunares (nova, crescente, cheia, minguante).
Simbolismo: Expressa a dança de Śakti—a fluidez, a intuição e a conexão com as águas primordiais (Apas).
Soma Namaskar: O Ritual de Síntese
Função: Transcender dualidades, purificar o corpo sutil e abrir o canal central (Sushumnā) para a ascensão da consciência.
Ritmo: 4 vezes ao mês, nos momentos de maior potencial alquímico:
Ekādaśī (11º dia lunar - 1 em cada quinzena): Purificação da mente e do corpo.
Śivarātri (14º dia da quinzena escura): Dissolução no não-manifesto (Avyakta).
Pūrṇimā (Lua Cheia): Integração plena—Súrya + Chandra + Soma em uma única prática.
Simbolismo: O "cálice vazio" que se enche de néctar (Amṛta)—a fusão entre Sol e Lua no coração do praticante.
3. A Sincronização com os Ciclos Cósmicos
O Namaskrama não é uma prática aleatória, mas uma coreografia celestial que obedece à matemática sagrada dos astros:
Ciclo Anual de Súrya Namaskar: 36 saudações solares (360° / 10°), marcando a passagem do Sol pelas constelações.
Ciclo Mensal de Chandra Namaskar: 4 saudações lunares, uma para cada fase, refinando a percepção dos humores (Rasa) e dos estados mentais (Citta Vṛtti).
Ciclo de Soma Namaskar: Uma mandala de 4 rituais mensais que recria o processo alquímico do Soma:
Ekādaśī anterior ao Śivarātri: Esvaziar (purificação).
Śivarātri: Silenciar (dissolução).
Ekādaśī seguinte: Receber (renascimento).
Pūrṇimā: Transbordar (plenitude integrada).
4. A Prática Integrada na Lua Cheia
Na Pūrṇimā (Lua Cheia), os três Namaskaras fundem-se em uma única prática ritualística—o ápice do ciclo mensal. Essa integração simboliza:
A união de Haṭha (Sol-Lua) no corpo do yogin.
A liberação do néctar (Soma) que flui através de Sushumnā Nāḍī.
A celebração da consciência unitária (Samādhi) para além das polaridades.
5. Conclusão: O Corpo como Altar Cósmico
O Namaskrama é muito mais que uma sequência de āsanas—é um mapa de regência ritual que convida o praticante a tornar-se um microcosmo vivo da ordem cósmica (Ṛta). Ao sincronizar gestos, respirações e intenções com os movimentos astrais, o Método INatha oferece um caminho para:
Ancorar no tempo cósmico (Sol).
Fluir com os ciclos internos (Lua).
Transcender através da síntese (Soma).


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