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As Três Camadas da Consciência e as Três Camadas dos Purvakramas (Final): Trayakrama: O Núcleo Operativo do Método INatha.

  • Foto do escritor: INatha
    INatha
  • 22 de ago.
  • 2 min de leitura

O Trayakrama constitui o coração operativo do Método INatha. Ele é a tríplice via prática que integra movimento e pausa, exterioridade ritual e interioridade meditativa, numa pedagogia de síntese progressiva rumo ao mais sutil.


Essa estrutura é sustentada por três eixos fundamentais:


  1. Purvakramas (पुर्वक्रमाः, pūrvakramāḥ) → o núcleo de força integradora;


  2. Namaskramas (नमस्कारमाः, namaskramāḥ) → o polo do movimento ritualizado;


  3. Dhyanakramas (ध्यानक्रमाः, dhyānakramāḥ) → o polo da imobilidade meditativa.


1. Purvakramas – O Núcleo de Força

Os Purvakramas são práticas integradoras das diversas técnicas do Haṭha Yoga em seus aspectos lato e stricto sensu.


  • Configuram-se como kramas progressivos (sequências pedagógicas) que preparam o praticante para as profundidades e sutilezas do Haṭha Yoga Tradicional.


  • Estão organizados em 11 estruturas fundamentais, do Purvakrama 1 ao 11, que abrangem desde a purificação corporal até a estabilização energética e mental.


  • Formam o núcleo de força dos Trayakrama, porque fazem a síntese entre os dois polos (Namaskrama e Dhyanakrama), integrando movimento e pausa, ação e contemplação, exterioridade e interioridade.


Purvakrama = Śakti-garbha (शक्ति-गर्भ, “útero da potência”): o campo de integração onde as polaridades se encontram.


2. Namaskramas – O Polo do Movimento Ritualizado

Os Namaskramas partem da dimensão do movimento.


  • Ritualizam a integração entre o movimento individual e o movimento cósmico, alinhando o praticante com Ṛta (ऋत, ṛta) – a Ordem Universal.


  • Realizam a pedagogia do mais denso ao mais sutil, na qual o corpo e a respiração se tornam instrumentos de sintonia com o ritmo cósmico.


Estrutura dos Namaskramas


  • Práticas lunares (Chandra Namaskāra, चन्द्रनमस्कार) → 4 práticas mensais, uma por semana.


  • Práticas solares (Sūrya Namaskāra, सूर्यनमस्कार) → 4 práticas mensais, uma por semana.


  • Rituais de purificação (Ekādaśī, एकादशी) → 2 práticas mensais, uma por quinzena.


  • Ritual de dissolução no sutil (Śivarātri, शिवरात्रि) → 1 prática mensal, como culminância do ciclo.


Assim, cada ciclo mensal se estrutura em 11 práticas de Namaskrama, refletindo o ritmo do cosmos e ensinando o corpo a mover-se como parte da ordem universal.


Namaskrama = Prapatti (प्रपत्ति, entrega ritual): o gesto cósmico de afinação do microcosmo ao macrocosmo.


3. Dhyanakramas – O Polo da Imobilidade Meditativa

Os Dhyanakramas constituem o polo oposto aos Namaskramas: partem da imobilidade do corpo, conduzindo progressivamente a mente ao silêncio sutil.


  • São práticas de meditação diária, sistematicamente estruturadas.


  • Organizam-se em 17 ciclos de 21 meditações temáticas, perfazendo um ano completo de aprofundamento.


  • Cada ciclo refina a percepção: da pausa corporal → ao silêncio ordinário → ao silêncio transcendental → ao Ser → ao vazio/pleno.


Dhyanakrama = Antar-yātrā (अन्तरयात्रा, jornada interior): a via contemplativa que dissolve gradualmente a densidade.


4. Síntese Operativa do Trayakrama

O Trayakrama realiza-se como triângulo operativo:


  • O núcleo de força (Purvakramas) integra e equilibra os dois polos.

  • O polo do movimento ritualizado (Namaskramas) conduz o gesto ao silêncio.

  • O polo da imobilidade meditativa (Dhyanakramas) conduz a pausa ao vazio pleno.


Assim, o Trayakrama articula:


  • Práxis corporal (movimento e pausa),

  • Ritual cósmico (ordenação em ciclos),

  • Meditação interior (transcendência).


É, portanto, o Núcleo Operativo do Método INatha, sustentando a passagem do mais denso ao mais sutil, até o informe inominável (śūnyatā–pūrṇatā).

 
 
 

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