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Prasāritatā Vinyāsakrama: Elemento Ar e Anāhata Chakra.

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    INatha
  • 23 de ago.
  • 3 min de leitura

O Prasāritatā Vinyāsakrama representa nos Vinyāsakrama do Método INatha o estágio de expansão da flexibilidade e da consciência, em que o praticante começa a perceber as suas fronteiras orgânicas e também a sutileza do movimento interno que cria a oportunidade de ir além dos limites expandindo o fluxo energético.


Esta fase associa-se ao elemento Ar (vāyu, वायु) e ao Anāhata Chakra (अनाहत चक्र), o centro do coração situado na região torácica média, que regula tanto o ritmo vital da respiração quanto as experiências emocionais e afetivas.


O Elemento Ar (Vāyu) na Tradição Védica e Tântrica

Na tradição védica, vāyu é o princípio do movimento, da respiração e da força vital (prāṇa). No Atharvaveda, o ar é descrito como a energia que permeia todos os espaços, sustentando a vida e a circulação das forças sutis (Atharvaveda XII.1.30). No tantrismo, vāyu é também associado ao fluxo de energia que conecta os centros de força do corpo (nāḍī), permitindo que a consciência transite de estados mais densos para sutis.


No Prasāritatā Vinyāsakrama, o elemento ar se manifesta tanto na leveza e amplitude dos movimentos corporais quanto na expansão do flexibilidade e do campo respiratório. Trata-se de cultivar a mobilidade, a fluidez e a adaptabilidade, preparando o praticante para perceber não apenas a ação, mas também a presença sutil que permeia o movimento.


Anāhata Chakra e a Dinâmica da Expansão

O Anāhata Chakra (अनाहत चक्र) é tradicionalmente considerado o centro do equilíbrio emocional, da compaixão e da conexão com o fluxo de vida universal. Localizado no coração, entre os chakras inferiores (Muladhara, Swādhisthāna, Maṇipūra) e superiores (Viśuddha, Ājñā), ele funciona como ponte entre o corpo físico/energético e os níveis sutis de percepção.


Segundo o Ṣaṭcakranirūpaṇa, o Anāhata Chakra possui como elemento o ar (vāyu), o sentido do tato, deidade de ligação com Vayu ou Ishvara, e simboliza a abertura do coração à energia vital e à experiência da vida sutil.


No Prasāritatā Vinyāsakrama, os movimentos e as transições de posturas são projetados para ampliar a flexibilidade e os espaços orgânicos, ampliando a percepção da circulação do prāṇa e a mobilidade do corpo em alinhamento com a respiração. A prática enfatiza a expansão do tórax, a liberdade de movimentos dos ombros, braços e coluna, criando condições para que a consciência experimente a fluidez do ar dentro do corpo e a relação sutil entre ação, pausa e sensação.


Filosofia e Práxis no Método INatha

O Prasāritatā Vinyāsakrama surge da base sólida do Maulika Vinyāsakrama e da força transformadora do Balatā Vinyāsakrama, agora orientado para a leveza e amplitude. A prática do ar simboliza a mobilidade do prāṇa, a expansão da atenção e a suavização das tensões corporais e mentais.


Filosoficamente, o ar permite ao yogin acessar a interconexão entre os níveis físico, emocional e mental, abrindo caminho para a percepção do som sutil que se manifesta no corpo e na consciência, prenunciando a transição para os elementos mais sutis (espaço e consciência transcendente).


No plano prático, enfatiza-se a coordenação entre respiração e movimento para ampliação de espaços dentro das posições, ampliação da consciência postural e abertura do campo energético do coração.


Esta fase prepara o praticante para os métodos posteriores, especialmente o Sthiratā Vinyāsakrama, que trabalhará o elemento espaço e o Vishuddha Chakra, conduzindo a percepção para dimensões ainda mais sutis de presença e silêncio.


Síntese Integrativa

O Prasāritatā Vinyāsakrama consolida a flexibilidade e a expansão, transformando a energia obtida nas fases anteriores em amplitude física, emocional e mental. O elemento ar atua como mediador entre a densidade dos chakras inferiores e a sutileza dos chakras superiores, possibilitando que o praticante experimente a fluidez, a leveza e a presença do som interior que surge da interação entre permanência e silêncio.


Referências


  • Atharvaveda XII.1.30

  • Ṣaṭcakranirūpaṇa (Slokas 18–20)

  • Feuerstein, Georg. The Yoga Tradition. Prescott: Hohm Press, 2001.

  • Eliade, Mircea. Yoga: Imortalidade e Liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

  • Padoux, André. Tantric Mantras: Studies on Mantrasastra. London: Routledge, 2011.

White, David Gordon. Yoga in Practice. Princeton: Princeton University Press, 2012.

 
 
 

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