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(01) Ekādaśa Namaskrama (एकादश नमस्क्रम): O Eixo Ritual do Método INatha.

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    INatha
  • 19 de ago.
  • 6 min de leitura

Ekādaśa Namaskrama: O Ciclo Integrado de Saudação e Purificação no Método INatha

O Ekādaśa Namaskrama (एकादश नमस्क्रम) é o Eixo Ritual do Método INatha, um sistema de aprendizado e prática que harmoniza corpo, mente, energia e consciência com os ritmos cósmicos do Sol, da Lua e das tradições do Sanatana Dharma. Seu nome já revela sua profundidade: ekādaśa (“onze”) indica a totalidade de etapas que estruturam o ciclo, enquanto namaskrama — derivado de namas (reverência, saudação) e krama (ordem, sequência) — aponta para a progressão consciente e ordenada da prática.


O Ekādaśa Namaskrama organiza onze atos de saudação e integração que combinam movimentos, respiração, disciplina e contemplação, proporcionando ao praticante uma experiência gradual e completa de shuddhi (purificação), expansão da consciência e transcendência do ego. Cada ato está sincronizado com os ritmos naturais e astronômicos, refletindo o princípio do ṛta, a ordem cósmica que sustenta o universo e guia a ação humana.


A estrutura do Ekādaśa Namaskrama se distribui em quatro pilares principais:


  1. Chandra Namaskār (Saudação à Lua) – 4 práticas mensais, realizadas à noite, acompanhando cada fase lunar (Nova, Quarto Crescente, Cheia, Quarto Minguante), cultivando introspecção, assimilação e silêncio interior.

  2. Sūrya Namaskār (Saudação ao Sol) – 4 práticas semanais durante o dia, seguindo o deslocamento aparente do Sol na eclíptica em incrementos de 10°, promovendo energia vital, disciplina e expansão da consciência.

  3. Ekādaśī – 2 dias especiais de purificação, jejum e integração progressiva de técnicas de shuddhi, um na quinzena clara (Shukla Paksha) e outro na quinzena escura (Krishna Paksha), preparando o corpo e a mente para a entrega final.

  4. Śivarātri Mensal – 1 noite de dissolução e integração final, em que a consciência transcende o ego e se alinha com a ordem cósmica, encerrando o ciclo do mês letivo e conectando todas as práticas à essência de Shiva.


Ao longo deste post, cada uma das onze partes do Ekādaśa Namaskrama será detalhadamente apresentada, explorando seus fundamentos filosóficos, astronômicos, filológicos e tradicionais, além da função pedagógica e espiritual de cada etapa dentro do Método INatha. A proposta é oferecer não apenas um guia técnico, mas também uma compreensão profunda do ritmo cósmico, da disciplina e da transformação interna proporcionada por este ciclo único.

 

Ekādaśa Namaskrama: Estrutura, Filosofia e Função no Método INatha


1. Introdução: o Nome e sua Etimologia

O termo Ekādaśa Namaskrama (एकादश नमस्क्रम) sintetiza conceitos centrais do Sanatana Dharma e da tradição do yoga.


  • Ekādaśa (एकादश) significa literalmente “onze”, composto de eka (um) + daśa (dez). O número onze é sagrado, associado aos Ekādaśa Rudra, manifestações de Shiva que simbolizam a multiplicidade de aspectos da divindade e a integração da consciência humana com o cosmos. Cada Rudra representa uma dimensão do ser e da transformação interior, fazendo do número onze um símbolo de totalidade e plenitude.

  • Namaskrama (नमस्क्रम) é formado por namas (reverência, saudação) e krama (ordem, sequência). Filologicamente, namas deriva da raiz verbal √nam, que significa “curvar-se, inclinar-se, submeter-se”, enquanto krama indica progresso sequencial. Assim, Namaskrama expressa uma progressão consciente de reverência, movimento ordenado de integração entre corpo, mente e espírito.


O Ekādaśa Namaskrama representa, portanto, a sequência ordenada de onze atos de saudação, concebida para harmonizar o praticante com os ritmos cósmicos, lunares e solares, promovendo purificação, expansão da consciência e dissolução do ego.


2. Base Filosófica e Tradicional


2.1 Relação com Ṛta e Shiva

No Sanatana Dharma, toda ação ritual deve alinhar-se ao princípio do ऋत (ṛta), a ordem cósmica que rege o movimento dos astros, os ciclos da natureza e a ética da ação humana. O Ekādaśa Namaskrama segue esse princípio de maneira precisa, organizando práticas em consonância com os ciclos da Lua e do Sol, promovendo equilíbrio e integração entre tempo, corpo e mente.


A décima primeira etapa do ciclo coincide com a Śivarātri mensal, momento de transcendência do ego e entrega à consciência suprema. Shiva, como princípio da transformação e do silêncio absoluto (laya), atua como eixo central do ciclo, conectando todas as práticas ao fluxo cósmico do ṛta.


Cada saudação do ciclo é, portanto, um passo progressivo de reconhecimento da própria existência dentro do universo ordenado, harmonizando ação e consciência com a divindade e os ciclos naturais.


2.2 Dimensão pedagógica

O Ekādaśa Namaskrama funciona como um verdadeiro mapa pedagógico espiritual. A progressão das práticas envolve múltiplos níveis:


  • Corpo: gestos, posturas e movimentos conscientes (asanas ou gestos de reverência), que fortalecem e preparam o corpo para a assimilação da energia sutil.

  • Mente: atenção concentrada e presença, sincronizada com os ritmos naturais da Lua, do Sol e dos tithi, cultivando disciplina e foco interior.

  • Energia: alinhamento dos canais energéticos (prāṇa, nādīs) com os ciclos cósmicos, promovendo equilíbrio e circulação de energia vital.

  • Consciência: integração gradual da percepção individual com a ordem universal, culminando na transcendência do ego durante o Śivarātri.


Esse desenho pedagógico permite que cada praticante avance de maneira progressiva, harmonizando experiência sensorial, energética e espiritual.


3. Estrutura do Ciclo do Ekādaśa Namaskrama

O ciclo completo organiza-se em 11 etapas mensais, combinando práticas lunares, solares, purificação e culminação.


3.1 Saudação à Lua (Chandra Namaskār)

As quatro primeiras práticas do ciclo são a Saudação à Lua, realizadas à noite, acompanhando cada fase lunar: Lua Nova, Quarto Crescente, Lua Cheia e Quarto Minguante.


  • Função: introspecção, assimilação gradual da luz e do silêncio, alinhamento com os ciclos de Shuddhi e preparação para absorção das energias cósmicas.

  • Cada ciclo mensal de quatro práticas inicia na Lua Nova imediatamente após o Śivarātri mensal, criando uma continuidade entre dissolução e renovação, e estabelecendo o ritmo mensal do aprendizado e da integração.


3.2 Saudação ao Sol (Sūrya Namaskār)

As quatro práticas seguintes correspondem à Saudação ao Sol, realizadas uma vez por semana, durante o dia.


  • Progressão: acompanha o deslocamento aparente do Sol na eclíptica, em incrementos de 10° (0°, 10°, 20°, 0°, 10°, …), reforçando a percepção do movimento solar e sua influência sobre o corpo e a mente.

  • Função: ativação da energia vital, disciplina e integração do corpo-mente, fortalecendo a consciência ativa e a harmonização com os ritmos diários e sazonais.


3.3 Ekādaśī

Os dois dias seguintes são dedicados aos Ekādaśī, dias especiais de purificação (Shuddhi), disciplina e assimilação.


  • Ekādaśī da quinzena clara (Shukla Paksha): 11º dia após a Lua Nova, voltado à purificação física, mental e energética, incorporando técnicas progressivas de respiração, meditação e jejum consciente.

  • Ekādaśī da quinzena escura (Krishna Paksha): 11º dia após a Lua Cheia, reforçando a disciplina e consolidando hábitos, preparando o corpo e a mente para o mergulho final no silêncio.


Esses dias funcionam como etapas graduais, conectando as práticas diárias e semanais à experiência de integração total.


3.4 Śivarātri Mensal

A décima primeira etapa é a Śivarātri mensal, realizada à noite, que encerra o ciclo.


  • Função: dissolução do ego, integração de todas as práticas do mês e entrega consciente à ordem cósmica (ṛta).

  • A Śivarātri permite ao praticante experimentar a consciência transcendental de Shiva, consolidando os efeitos das saudações lunares e solares, bem como dos dias de purificação.


4. Significado Astronômico e Rítmico

O Ekādaśa Namaskrama é profundamente astronômico e rítmico, articulando:


  • Lua: rege o ritmo interior e emocional, orientando a prática noturna e introspectiva.

  • Sol: rege a energia vital e o ritmo diário, guiando a prática diurna e fortalecendo disciplina e presença.

  • Tithi: marcação precisa dos dias lunares, essencial para sincronização com os Ekādaśī e Śivarātri, assegurando alinhamento com o calendário cósmico.


A combinação desses ciclos cria um ritmo pedagógico anual, permitindo expansão, purificação e dissolução de maneira gradativa e harmoniosa.


5. Conclusão

O Ekādaśa Namaskrama transcende a ideia de simples sequência de saudação: é um mapa integrador de corpo, mente, energia e consciência, estruturando o ano letivo do Método INatha.

Cada elemento do ciclo possui função específica:


  • Lua: introspecção, assimilação e silêncio interior.

  • Sol: energia vital, disciplina e ação consciente.

  • Ekādaśī: purificação progressiva, disciplina ética e integração de técnicas de Shuddhi.

  • Śivarātri: dissolução do ego, integração total e alinhamento com a ordem cósmica (ṛta).


O ciclo completo de 11 práticas mensais proporciona uma experiência gradual e profunda de Shuddhi, expansão e transcendência, em perfeita consonância com a tradição védica, os ritmos naturais e a consciência de Shiva como eixo central do aprendizado.

 
 
 

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