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Balatā Vinyāsakrama: Elemento Fogo e Maṇipūra Chakra.

  • Foto do escritor: INatha
    INatha
  • 23 de ago.
  • 3 min de leitura

O Balatā Vinyāsakrama representa, nos Vinyāsakrama do Método INatha, a fase em que a prática se volta para a força, a vitalidade e a capacidade de transformação interna. Enquanto os métodos anteriores — Maulika e Sarasatā — consolidam solidez e fluidez, Balatā introduz a intensidade da força e o calor interno, simbolizados pelo elemento Fogo (agni) e pelo Maṇipūra Chakra (मणिपूर चक्र), situado na região do plexo solar.


O Elemento Fogo (Agni) na Tradição Védica e Tântrica

O fogo, ou agni (अग्नि), ocupa lugar central na tradição védica, como mediador entre o céu e a terra, purificador e transformador. No Ṛgveda, Agni é invocado como senhor da energia, da luz e da digestão — tanto física quanto mental (Ṛgveda I.1; III.7). No contexto do tantrismo, Agni simboliza o poder de transmutação da consciência e a capacidade de dissolver o que é denso para revelar a sutileza interior.


No Balatā Vinyāsakrama, o fogo não é apenas metáfora: ele guia a intensificação da força, do calor vital e da energia dinâmica. Trata-se de despertar a tejas, a luminosidade interior que ativa tanto os músculos quanto a concentração mental.


Maṇipūra Chakra e a Dinâmica do Poder

O Maṇipūra Chakra (मणिपूर चक्र), localizado na região do umbigo/plexo solar, é tradicionalmente considerado o centro da força vital, do poder de ação e da autoafirmação. De acordo com o Ṣaṭcakranirūpaṇa, nele reside a deusa Lakinī, e seu elemento é o fogo (agni), seu sentido é a visão, e a qualidade é a coragem e a determinação.


No Balatā Vinyāsakrama, a ativação deste chakra ocorre através de práticas que demandam esforço consciente, resistência e controle do corpo e da respiração, desenvolvendo simultaneamente a força física (bala), a determinação emocional e a resiliência mental.


Filosofia e Práxis no Método INatha

O Balatā Vinyāsakrama situa-se como um momento de catalisação da energia do corpo e da mente. A força adquirida nos Vinyāsakramas anteriores — enraizamento em Maulika e fluidez em Sarasatā — agora é direcionada para a disciplina, a auto-superação e a capacidade de gerar calor interno.


Filosoficamente, o fogo simboliza a capacidade do yogin de iluminar sua própria consciência e transformar obstáculos internos em força ativa.


No plano prático, as sequências enfatizam posturas que ativam o core, contrações conscientes, movimentos vigorosos e técnicas respiratórias que elevam o calor corporal, sempre associadas a atenção plena (smṛti).


O foco é cultivar bala, a força que sustenta todos os níveis de prática e prepara o corpo e a mente para os elementos mais sutis que seguirão nos Vinyāsakramas de ar e espaço.


Síntese Integrativa

O Balatā Vinyāsakrama é, portanto, a cristalização da energia ativa no caminho do yoga: transforma a base sólida e fluida adquirida nos estágios anteriores em potência consciente, força e presença energética. Ele prepara o praticante para o Prasāritatā e Sthiratā Vinyāsakramas, que trabalharão respectivamente a expansão do ar e a percepção do espaço, levando a consciência do corpo e da mente para níveis mais sutis de percepção.


Referências


  • Ṛgveda I.1; III.7.

  • Ṣaṭcakranirūpaṇa (Slokas 14–16).

  • Eliade, Mircea. Yoga: Imortalidade e Liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 1996.

  • Feuerstein, Georg. The Yoga Tradition. Prescott: Hohm Press, 2001.

  • Padoux, André. Tantric Mantras: Studies on Mantrasastra. London: Routledge, 2011.

  • Urban, Hugh B. The Power of Tantra: Religion, Sexuality and the Politics of South Asian Studies. London: Routledge, 2003.

 
 
 

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