As Três Iniciações do Método INatha e a Numerologia dos Purvakramas.
- INatha

- 24 de ago.
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Atualizado: 25 de ago.
No contexto do Método INatha, a progressão dos Purvakramas não se limita a exercícios físicos ou práticas meditativas; ela também funciona como mapa iniciático da consciência, guiando o praticante através de camadas de sutileza e percepção crescente.
Introdução
O processo de iniciação de INatha consiste em uma progressão de percepção através das lacunas ou espaços de Spanda (स्पन्द, spanda), a pulsação vibratória da realidade, com a firmeza de uma consciência cada vez mais aguda e centrada. Para cada nível de densidade da pulsação, um nível mais sutil de percepção é solicitado ao praticante, permitindo que a consciência atravesse camadas crescentes de sutileza e profundidade.
Essa experiência se organiza em três níveis fundamentais, que correspondem aos três tipos de iniciação do Método INatha:
Movimento/Pausa – a percepção do conhecido;
Som/Silêncio – a percepção do intuído;
Silêncio Transcendental/Ser – a percepção do desconhecido.
1. Primeira Iniciação – Pañcha Purvakrama (Purvakrama 5)
A Iniciação da Percepção
A primeira iniciação do Método INatha representa a entrada do praticante no campo da percepção mais articulada e abrangente do conhecido, aquilo que sua consciência já reconhece e pode acessar naturalmente.
Essa iniciação se realiza no Pañcha Purvakrama, associado numerologicamente ao número 5, que simboliza a integração do quaternário básico com a dimensão sutil do espaço, o quinto elemento, que conecta o tangível ao sutil.
A experiência do movimento/pausa do corpo, da atenção e do pensamento permite que o praticante perceba e refine a consciência sobre aquilo que já lhe é familiar, estruturando sua prática em torno da sensibilidade aos padrões de ação/repouso.
É uma iniciação que prepara a base perceptiva e energética do praticante, oferecendo-lhe estrutura perceptiva e clareza antes de avançar para níveis mais sutis, revelando a primeira ponte entre corpo, mente e elementos sutis.
Numerologia:
O 5 é o número de transição entre a estabilidade da base (1 a 4) e a expansão intermediária (6 a 8).
Representa movimento, mudança.
Contexto de Iniciação:
Filosófico: introduz o praticante à consciência do par movimento/pausa como elemento estrutural, fundamento da prática, convidando o praticante à percepção do óbvio, daquilo que já é de sua percepção natural.
Prático: o Pañcha Purvakrama permite que o praticante entre no Método INatha a partir de uma dimensão palpável, experienciando diretamente o corpo, atenção e pensamento.
Significado: a primeira iniciação é o nascimento do praticante no Método INatha, através do convite à percepção mais refinada do conhecido.
2. Segunda Iniciação – Nava Purvakrama (Purvakrama 9)
A Iniciação da Intuição
A segunda iniciação é direcionada à percepção do intuído, ao invisível que somente a intuição permite revelar. Esta etapa é vivenciada no Nava Purvakrama, associado ao número 9, que na numerologia védica representa a plenitude, a conclusão de um ciclo e o chamado à expansão para dimensões mais sutis.
Aqui o praticante é chamado a refinar sua percepção por meio do par som/silêncio, explorando não apenas o corpo e a atenção, e o movimento do pensamento em ressonância com os sons internos e externos. É a iniciação que desenvolve a capacidade de perceber aquilo que não é diretamente sensível, treinando a mente a intuir a pulsação subjacente da realidade, abrindo uma ponte entre o conhecido e o desconhecido, entre o visível e o invisível, estabelecendo uma sensibilidade refinada para as sutilezas do da vibração interior/exterior.
Numerologia:
O 9 é outro número de transição, agora conectando a profundidade do grupo intermediário (6 a 8) ao coroamento final (10 e 11).
Simboliza completude, preparação para transcendência e integração do que foi conquistado.
Contexto de Iniciação:
Filosófico: o praticante é introduzido ao par som/silêncio comum, avançando da percepção do movimento-pausa para uma percepção mais refinada da realidade sensível.
Prático: as práticas do Nava Purvakrama permitem a interiorização da atenção em níveis sutis intermediários, onde o corpo, atenção e pensamento já não são apenas movimento/pausa, mas também expressão de energia e vibração.
Significado: esta é a segunda iniciação, correspondendo à “segunda vez nascido” do Trija Paddhati, onde o praticante agora é iniciado no grau intermediário de sutileza, desenvolvendo refinamento perceptivo e abertura à vibração do invisível.
3. Terceira Iniciação – Ekadásha Purvakrama (Purvakrama 11)
A Iniciação ao Desconhecido
A terceira iniciação conduz o praticante ao desconhecido, ao que ele sequer poderia imaginar existir antes da prática, à dimensão do par Silêncio Sutil/Ser. Esta iniciação se realiza no Ekadasha Purvakrama, numerologicamente associado ao número 11, símbolo da síntese do manifesto e do não-manifesto, do relativo e do absoluto.
É o estágio em que a consciência começa a se dissolver na experiência do Ser, percebendo a realidade sem filtros, além do conhecido e do intuído. O praticante é chamado a se abrir para a experiência direta do desconhecido, guiado pelo Silêncio Sutil que permeia todas as camadas da existência e pela presença de Adinatha o Mestre Interior que ensina no Templo do Silêncio Sutil, simultaneamente iniciando de dentro para fora e conduzindo de fora para dentro, oferecendo a recepção da energia da Shaktí Pata.
É nesta iniciação que a jornada alcança a profundidade máxima do método, permitindo que o praticante vivencie a plenitude do seu potencial de percepção e preparação para as práticas avançadas do Hatha Yoga Natha.
Numerologia:
O 11 é um número mestre, que transcende os padrões simples de contagem e simboliza realização, integração e potencial transcendental.
Funciona como coroamento da progressão, além da simples sequência linear.
Contexto de Iniciação:
Filosófico: o Ekadásha Purvakrama conduz o praticante ao par Silêncio Sutil/Ser, a dimensão onde movimento/pausa, som/silêncio comum se dissolvem em consciência pura.
Prático: as práticas do Ekadásha Purvakrama preparam o praticante para sádhanas avançadas do Hatha Yoga Natha, ainda que a iniciação Natha seja exterior ao Método INatha.
Significado: a terceira iniciação é dupla:
Iniciação no grau mais sutil do Silêncio Transcendental, ampliando a percepção para além do visível e do audível.
Preparação para a iniciação Natha, atuando como ponte para níveis superiores que requerem disciplina, refinamento energético e maturidade meditativa.
Corresponde à “terceira vez nascido” do Trija Paddhati, simbolizando plena abertura à consciência transcendental, com potencial para novas iniciações futuras.
A Iniciação como Auto-iniciação
No Método INatha, a iniciação não ocorre como um rito externo e formal, mas como auto-iniciação.
O praticante está desde a primeira semana exposto às vibrações de todas as três dimensões iniciáticas – movimento/pausa (Purvakrama 5), som/silêncio comum (Purvakrama 9) e Silêncio Transcendental/Ser (Purvakrama 11).
Essa exposição simultânea permite que cada um, segundo sua sensibilidade natural e seu esforço de aprimoramento, perceba o nível que lhe é acessível naquele momento.
Assim, o praticante pode vivenciar desde o início qualquer uma das três iniciações, de acordo com a sua prontidão.
Essa lógica ecoa a máxima: “Quando o discípulo está pronto, o mestre aparece”. Ou seja, não existe um lugar, data ou cerimônia externa para a iniciação: existe apenas o despertar natural da percepção.
Por isso no Método INatha a iniciação ecoa sempre o nosso slogan “Yoga no seu tempo”.
Os Três Níveis do Método INatha
Para dar sustentação pedagógica a esse processo de auto-iniciação, o Método INatha está estruturado em três níveis de prática, que correspondem diretamente às três iniciações:
Primeiro Nível: associado à primeira iniciação (movimento-pausa, Purvakrama 5). Pode ser praticado pela vida toda, se assim for a vontade do praticante.
Segundo Nível: associado à segunda iniciação (som-silêncio, Purvakrama 9). Introduz o praticante ao grau de sutileza intermediário. Pode ser praticado pela vida toda, se assim for a vontade do praticante.
Terceiro Nível: associado à terceira iniciação (Silêncio Transcendental-Ser, Purvakrama 11). Prepara o praticante para práticas mais avançadas e para a eventual iniciação Natha. Pode ser praticado pela vida toda, se assim for a vontade do praticante.
Cada nível tem um currículo mínimo de um ano letivo. Após esse período, o praticante pode repetir o mesmo nível o quanto quiser para aprofundar sua experiência, ou, mediante avaliação de seu professor, habilitar-se a ingressar no próximo nível.
Síntese Final
Dessa forma, a auto-iniciação do Método INatha se manifesta de duas maneiras complementares:
Como processo iniciático triplo, através das dimensões dos purvakramas 5, 9 e 11 de movimento-pausa, som-silêncio e Silêncio-Ser.
Como estrutura pedagógica em três níveis, cada qual com duração mínima de um ano, que organiza o percurso individual de auto-iniciação, oferecendo ao praticante todas as condições de tempo e técnica para realizar em si os objetivos de iniciação no conhecido, no intuido e no desconhecido, habilitando-se para as altas práticas do Hatha Yoga Natha.
Assim, a numerologia dos Purvakramas, a teoria das iniciações e a pedagogia dos níveis convergem em um mesmo eixo: a progressão gradual e auto-regulada da consciência dentro do Krama Jálam, núcleo operativo do Método INatha.


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