(08) Candra Namaskāra (चन्द्र नमस्कार): Praxis, Filosofia e Astronomia Lunar.
- INatha

- 18 de ago.
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Atualizado: 20 de ago.
A Saudação à Lua
No Método INatha é uma prática destinada a afinar o corpo e a mente com os ritmos lunares, em contraponto e complementaridade à Saudação ao Sol (Píṅgala). Enquanto o polo solar ativa qualidades de clareza, atividade e expansão, o polo lunar cultiva receptividade, resfriamento e interioridade. A proposta pedagógica do INatha não trata a saudação lunar como mera sequência postural: ela é um instrumento de sintonização com os tithi (तिथि) e com as marés internas que a Lua suscita na experiência humana.
Desenvolvimento
1. Genealogia e historicidade da saudação lunar
As sequências chamadas hoje de Chandra Namaskāra ou Moon Salutations surgiram — em suas formas codificadas modernas — como variantes contemporâneas das práticas de surya/candra devocionais e de rotinas haṭha destinadas a modular ida–piṅgala. Em estudos de história do movimento moderno do yoga observa-se que as variações de saudação lunar foram amplamente sistematizadas no século XX como contrapartida às longas tradições de Sūrya Namaskāra; não há uma única "antiga" sequência canônica idêntica em fontes clássicas — o que não reduz a profundidade da mediação simbólica entre lua, nadis e prática corporal. WikipediaKripalu
2. Iḍā (इडा), Piṅgala (पिङ्गल) e Suṣumṇā (सुषुम्णा):
fisiologia sutil e implicações práticas
A teoria dos canais energéticos — nadīs — descreve três trajetórias principais: Idā (lado esquerdo, lunar), Piṅgala (lado direito, solar) e Suṣumṇā (central). A saudação lunar é projetada para favorecer a ativação equilibrada de Idā, promovendo respirações e posturas que resfriam, alongam e incentivam a introspecção — o oposto funcional, em muitos aspectos, da sequencia solar.
A literatura técnica e as traduções modernas sobre nadīs e práticas de haṭha confirmam a centralidade desse tripé energético nas técnicas de pranayama, mudrā e bandha. WikipediaInternet Archive
3. Ritmo e calendário: fases lunares como condutor pedagógico
No Método INatha a Saudação à Lua segue o ritmo das fases lunares: nova (amāvásya/अमावास्य), crescente (śukla pakṣa/शुक्ल पक्ष), cheia (pūrṇimā/पूर्णिमा) e minguante (kṛṣṇa pakṣa/कृष्ण पक्ष). A cada mês, a prática privilegia a sessão nas vizinhanças dessas mudanças (especialmente entardecer — 18h–20h), quando a influência luminosa e simbólica da Lua é mais percebida. Essa calendarização transforma a prática em um practicum de observação sensível: aprender a notar modificações do sono, do apetite, dos humores e da imaginação psíquica em relação às fases lunares é parte da alfabetização oferecida pelo INatha. (Sobre definição de tithi e calendários lunares, ver abaixo.) Encyclopedia Britannica
4. Aspectos astronômicos e cronobiológicos
Astronomicamente, a Lua descreve um ciclo sinódico de ≈29,5 dias; o tithi (लूनार dia, unidade do calendário védico) corresponde ao avanço relativo da Lua em ≈12° em longitude relativa ao Sol. A prática INatha toma essas medidas como eixo interpretativo: enquanto a Saudação ao Sol internaliza o movimento terrestre em torno do Sol, a Saudação à Lua torna o praticante sensível ao ritmo sinódico (Lua vs. Sol) e às variações de luz noturna, que têm efeitos mensuráveis sobre sono e atenção.
A literatura científica recente encontra indícios de sincronização entre fases lunares e padrões de sono em populações diversas — ainda que os resultados sejam complexos e parcialmente controversos; a abordagem de INatha é prudente e empírica: observa, registra e ajusta a prática conforme respostas individuais. SpringerLinkPMC
5. Técnica: princípios pedagógicos da sequência Idā
Sem pretender impor uma única forma canónica, o INatha propõe princípios técnicos:
Dinâmica de resfriamento: ênfase em extensão lateral, flexões suaves e posturas que alongam;
Respiração lunar: ritmos mais longos na expiração, alternando com técnicas suaves de nadi śodhana orientadas à predominância de iḍā;
Temporalidade: práticas preferencialmente no entardecer/início da noite (18h–20h), alternando semanalmente com horários de prática diurna;
Registro sensível: prontuário pessoal de observações (sono, humor, energia) alinhado às datas lunares.
Esses princípios transformam a série em disciplina somática capaz de modular o sistema nervoso autônomo, favorecendo relaxamento parasimpático e integração emocional.
Conclusão
A Saudação à Lua no Método INatha é uma prática de afinamento sensorial e temporal: convida o praticante a desenvolver a escuta lunar do corpo, aprender a usar a noite como campo terapêutico e, sobretudo, a integrar a dança solar-lunar dentro de um ciclo de vida com implicações práticas (sono, apetites, foco) e simbólicas (introspecção, recepção). Em termos epistemológicos, a proposta restabelece uma ponte entre cosmologia védica, anatomia sutil do haṭha e evidências contemporâneas sobre ritmos biológicos — mantendo método, controle e adaptabilidade. Wikipedia+1
Bibliografia (seletiva — para aprofundamento)
— Mallinson, J.; Singleton, M. Roots of Yoga. Penguin Classics, 2017. Internet Archive— Hatha Yoga Pradīpika (Svatmarama), traduções e estudos críticos. Archive.org— Kripalu Center. “Chandra Namaskar: Honoring the Moon Salute.” Kripalu— Britannica, “Hindu calendar” (sobre tithi e calendários lunares). Encyclopedia Britannica— Vasic, et al., VedicDateTime / artigos técnicos sobre tithi e cálculo védico. SpringerLink— Cajochen, et al.; “Synchronization of human sleep with the moon” / Science Advances (estudos sobre sono e ciclo lunar). PMC— Artigos e manuais contemporâneos sobre Chandra Namaskāra e sequências pedagógicas (Kripalu; Asiva). Asivana YogaKripalu


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