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Método INatha (Haṭha–Pūrvasaṃskāra) Nível 1: Método preparatório para as sādhana tradicionais do Haṭha Yoga da Nātha Saṃpradāya

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    INatha
  • 15 de ago.
  • 8 min de leitura

1. Introdução

O Método INatha (Haṭha–Pūrvasaṃskāra, हठ–पूर्वसंस्कार) é um sistema estruturado para preparar o praticante às sādhana tradicionais do Haṭha Yoga da Nātha Saṃpradāya. Seu foco é desenvolver a base técnica, energética e meditativa necessária para que o aluno possa ingressar de forma sólida e segura nas práticas mais avançadas.

Este método está organizado em três níveis de profundidade técnica e experiencial, com progressão gradual e lógica.


Ao abordar a estruturação do Método INatha (Haṭha–Pūrvasaṃskāra) em números, é fundamental compreender que esses valores não representam apenas uma organização logística ou quantitativa de atividades, mas configuram-se como marcadores rituais, temporais e pedagógicos inseridos dentro de uma tradição espiritual milenar — a Nātha Saṃpradāya.


Cada número e proporção no método foi concebido de forma intencional para refletir três dimensões complementares:


  1. Dimensão técnica – a progressão gradual da complexidade das práticas (dos Pūrvakrama mais simples aos mais elaborados).

  2. Dimensão experiencial – o aumento deliberado do tempo de imersão, favorecendo a maturação da vivência meditativa e corporal.

  3. Dimensão simbólico-ritual – a correspondência com ciclos sagrados, festivais e princípios cosmológicos, alinhando o ritmo de estudo com eventos como o Mahāśivarātri e o Guru Pūrṇimā.


No primeiro nível do Método INatha, essa arquitetura se manifesta por meio de:


  • Ciclos semanais que culminam sempre na prática mais completa (Ekādaśa Pūrvakrama), preparada pelas práticas menores (Catur e Aṣṭa Pūrvakrama).

  • Ciclos anuais que integram períodos de avanço e períodos de assimilação, respeitando um fluxo de expansão e recolhimento próprio das tradições iniciáticas.

  • Estrutura horária em Ghāṭikā (unidade tradicional de 24 minutos), preservando uma métrica temporal herdada da cosmologia hindu e conectando o praticante a um sentido qualitativo do tempo, e não meramente cronológico.


Assim, os números que se seguem — quantidade de semanas, horas, ciclos, passos e práticas — não são arbitrários: eles revelam um corpo pedagógico codificado, no qual cada elemento é interdependente e serve à preparação gradual do sādhaka (praticante) para estágios mais elevados do Haṭha Yoga Nātha.


O que se apresenta a seguir é, portanto, a tradução quantitativa de uma engenharia espiritual, na qual técnica, tradição e temporalidade se entrelaçam para sustentar o avanço seguro e profundo do estudante.


A seguir, apresentamos o panorama da macroestrutura do primeiro nível.

 

2. Estrutura Geral do Primeiro Nível


Ano Letivo

  • Divisão: 2 ciclos anuais + férias

  • Cada ciclo: 22 semanas de prática

  • Aulas ao vivo: 3 por semana

  • Aulas gravadas: integrais e em cortes, distribuídas pedagogicamente

  • Meditações diárias: organizadas em 17 ciclos de 21 dias por ano


3. Organização dos Pūrvakrama (पूर्वक्रम)

Os Pūrvakrama são séries de passos progressivos que estruturam cada prática semanal. No primeiro nível, eles são divididos em três grupos principais:


3.1 Chatur Pūrvakrama (चतुर्पूर्वक्रम) – 4 Passos

  1. Bhāvana (भावना) – Cultivo da intenção e percepção interna

  2. Āsana (आसन) – Postura estável e confortável

  3. Yoga-nidrā (योगनिद्रा) – Relaxamento profundo consciente

  4. Saṃyama (संयम) – Integração de dhāraṇā, dhyāna e samādhi

Duração: 3 Ghāṭikā (72 min / 1h12min)


3.2 Aṣṭa Pūrvakrama (अष्टपूर्वक्रम) – 8 Passos

  1. Mauna–Ārambha (मौनारम्भ) – Início em silêncio

  2. Bhāvana

  3. Mantra (मन्त्र) – Recitação e vibração sagrada

  4. Bhūta Śuddhi (भूतशुद्धि) – Purificação elementar

  5. Śvāsa Kriyā (श्वासक्रिया) – Técnica respiratória

  6. Āsana

  7. Yoga-nidrā

  8. Saṃyama

Duração: 4 Ghāṭikā (96 min / 1h36min)


3.3 Ekādaśa Pūrvakrama (एकादशपूर्वक्रम) – 11 Passos

  1. Mauna–Ārambha

  2. Bhāvana

  3. Mantra

  4. Bhūta Śuddhi

  5. Śvāsa Kriyā

  6. Āsana

  7. Prāṇāyāma (प्राणायाम) – Expansão e controle da energia vital

  8. Mudrā (मुद्रा) – Selos energéticos

  9. Laya (लय) – Dissolução na consciência

  10. Praṇava (प्रणव) – Oṃkāra, som primordial

  11. Rāja Yoga (राजयोग) – União suprema

Duração: 5 Ghāṭikā (120 min / 2h)


4. Lógica da Progressão


  • Chatur Pūrvakrama → prepara o Aṣṭa Pūrvakrama

  • Aṣṭa Pūrvakrama → prepara o Ekādaśa Pūrvakrama

  • A cada semana, o praticante realiza as três práticas, culminando no Ekādaśa Pūrvakrama.

  • Essa progressão não é apenas técnica, mas também experiencial e temporal, ampliando gradualmente a profundidade e a duração das práticas.


5. Estrutura Semanal e Ciclos

Exemplo de aplicação semanal:


  • Segunda-feira (19:00 – 20:12) → Chatur Pūrvakrama

  • Quarta-feira (19:00 – 20:36) → Aṣṭa Pūrvakrama

  • Sexta-feira (06:30 – 08:30) → Ekādaśa Pūrvakrama


Cada ciclo de 22 semanas apresenta compostos técnicos/experienciais inéditos.

No segundo ciclo do ano, as mesmas práticas retornam com variações significativas, mantendo exclusividade e ineditismo.


6. Panorama do Ano Letivo


  • Dois ciclos de 5 meses → total 44 práticas completas inéditas e exclusivas

  • Ciclo 1: Fevereiro – Junho (regido pelo Mahāśivarātri)

  • Ciclo 2: Julho – Novembro (regido pelo Guru Pūrṇimā)

  • Férias: Dezembro e Janeiro (regido pelo  Pauṣa Pūrṇimā) reapresentação das 44 práticas gravadas


7. Distribuição nas Férias

Durante as férias:


  • Sem aulas ao vivo

  • Acesso diário às práticas gravadas (Ekādaśa Pūrvakrama)

  • Roteiro de distribuição:

    • 06:00 – Prática completa + cortes das 5 primeiras partes

    • 09:00 – Corte de Āsana

    • 15:00 – Corte de Prāṇāyāma e Mudrā

    • 18:00 – Corte de Laya, Praṇava e Rāja Yoga


8. Meditações Diárias


  • Todos os dias do ano letivo, de todos os ciclos

  • Ciclos temáticos de 21 dias

  • 17 ciclos de meditação por ano


9. Carga Horária Anual

  • 44 semanas de aulas ao vivo (3 por semana)

  • 132 aulas inéditas anuais

  • Conteúdo íntegro e exclusivo, abrangendo todo o método para cada nível

 

 

Práticas Complementares no Método INatha

Além da estrutura central dos Pūrvakramas e dos três eixos lunares de apoio vibracional, o Método INatha passa a integrar duas práticas complementares que reforçam o equilíbrio entre as forças lunares (candra-śakti) e solares (sūrya-śakti) no percurso anual do sādhaka.


1. Saudação à Lua — Candra Namaskāra (चन्द्र नमस्कार)

A Saudação à Lua será realizada uma vez por semana, sempre no dia da mudança da fase lunar: Lua Nova (Amāvasyā), Lua Crescente (Śukla Pakṣa aṣṭamī), Lua Cheia (Pūrṇimā) e Lua Minguante (Kṛṣṇa Pakṣa aṣṭamī).


Essa prática conecta o sādhaka diretamente ao ciclo das marés internas, reforçando a sensibilidade ao campo energético lunar e preparando o corpo-mente para os ajustes sutis que cada fase exige.


No contexto do Método INatha, o Candra Namaskāra atua como uma ponte harmonizadora:


  • Nas luas novas e minguantes, favorece o recolhimento e a purificação.

  • Nas luas crescentes e cheias, potencializa a expansão e a irradiação das práticas.


Essa prática será conduzida em sessões específicas, ao vivo ou gravadas, integrando o calendário lunar que já organiza parte da estrutura anual do método.


2. Saudação ao Sol — Sūrya Namaskāra (सूर्य नमस्कार)

A Saudação ao Sol será realizada uma vez por mês, em um dia específico determinado pela observação do ponto solar no zodíaco védico (Sūrya Saṅkrānti), acompanhando a trajetória do sol ao longo das quatro estações.


O Sūrya Namaskāra será especialmente enfatizado nos dias dos solstícios (Uttarāyaṇa e Dakṣiṇāyaṇa) e equinócios (Vasantaviṣuvat e Sharadaviṣuvat) que marcam pontos de inflexão energética no ano.

Essa prática favorece o alinhamento interno com o ritmo da luz solar, reforçando a vitalidade física, o equilíbrio hormonal e o poder de ação (kriyā-śakti). No contexto nātha-tantra, representa o cultivo consciente do fogo interno (agni), equilibrando o frescor e a receptividade lunar cultivados no Candra Namaskāra.


Integração no Calendário do Método INatha

Com essas práticas complementares, o calendário do Método INatha se expande de forma orgânica:


  • O Candra Namaskāra cria um ritmo semanal de conexão com a lua, afinando o sādhaka com as quatro fases lunares.

  • O Sūrya Namaskāra estabelece um ritmo mensal e sazonal, conectando o praticante com a jornada anual do sol e com os grandes marcos das estações.


Assim, a jornada do ano letivo passa a estar cercada por duas espirais energéticas — a lunar e a solar — que, entrelaçadas com os Pūrvakramas e os eixos vibracionais, conferem ao método um equilíbrio dinâmico entre recolhimento e expansão, introspecção e ação, Śakti e Śiva.


Os Três Eixos Lunares de Apoio Vibracional no Método INatha

O ciclo anual do Método INatha (Haṭha–Pūrvasaṃskāra) é sustentado por três marcos lunares que funcionam como pilares vibracionais. Esses eventos não são apenas referências do calendário hindu, mas campos de energia ritual e simbólica que apoiam diretamente o propósito pedagógico e experiencial de cada etapa do ano letivo.


O primeiro eixo é o Mahāśivarātri (महाशिवरात्रि), a “Grande Noite de Śiva”, celebrado na lua nova do mês de Māgha ou Phālguna. Ele sustenta o primeiro ciclo anual (fevereiro a junho), pois sua vibração favorece o recolhimento interior, a estabilização da mente e a dissolução das agitações (laya). Esse momento marca o início do trabalho profundo de purificação e ancoragem, criando a base estável para que o sādhaka possa avançar. No método, essa fase corresponde ao período de preparação intensiva e estruturação dos fundamentos técnicos e meditativos.


O segundo eixo é o Guru Pūrṇimā (गुरु पूर्णिमा), a lua cheia do mês de Āṣāḍha, dedicada ao princípio do mestre (guru-tattva). Ele dá sustentação ao segundo ciclo anual (julho a novembro), momento em que o praticante, já consolidado pela disciplina do primeiro semestre, expande sua capacidade técnica e aprofunda o entendimento filosófico e experiencial. A luz plena da lua simboliza aqui a irradiação do conhecimento, a clareza mental e a assimilação consciente, fortalecendo a relação mestre-discípulo e a transmissão viva do ensinamento.


O terceiro eixo é a Pauṣa Pūrṇimā (पौष पूर्णिमा), a lua cheia do mês de Pauṣa, que ocorre entre dezembro e janeiro, período das férias anuais do método. Esta lua marca a plenitude silenciosa e o amadurecimento interno. No contexto nātha–tantra, ela favorece a integração das experiências vividas e o assentamento das energias mobilizadas nos ciclos anteriores. Durante as férias, o praticante mantém o contato com o método por meio das práticas gravadas, e a vibração da Pauṣa Pūrṇimā confere a este período um caráter de fechamento ritualístico e semeadura consciente para o novo ano letivo.


Assim, Mahāśivarātri, Guru Pūrṇimā e Pauṣa Pūrṇimā formam um arco vibracional contínuo que acompanha e sustenta o praticante ao longo do ano, alinhando a progressão técnica com os fluxos lunares sagrados e com a lógica de recolhimento, expansão e integração que caracteriza o caminho tradicional do Haṭha Yoga da Nātha Saṃpradāya.

 

Conclusão: Integração e Significado do Método INatha

O Método INatha (Haṭha–Pūrvasaṃskāra) apresenta-se como uma engenharia pedagógica e espiritual cuidadosamente estruturada, onde técnica, experiência e tradição se entrelaçam. Ao longo de seu primeiro nível, observamos que cada elemento — desde os Pūrvakramas (Catur, Aṣṭa e Ekādaśa) até as meditações diárias, os eixos vibracionais, e as práticas complementares de Candra Namaskāra e Sūrya Namaskāra — foi projetado para criar progressão gradual, integração consciente e equilíbrio energético.


Os eixos vibracionais — Mahāśivarātri, Guru Pūrṇimā e Pauṣa Pūrṇimā — dão sustento rítmico e simbólico às diferentes etapas do ano letivo, conectando o sādhaka aos marcos espirituais da tradição Nātha. Esses eixos vibracionais não são apenas referências cronológicas, mas campos energéticos que apoiam a assimilação das práticas, favorecendo recolhimento, expansão e integração ao longo do ano.


A estrutura quantitativa do método — semanas, aulas, Ghāṭikās, ciclos de meditação — está a serviço da profundidade experiencial, refletindo o princípio de que a prática deve avançar em complexidade e duração de forma orgânica, preparando o corpo, a mente e a consciência para níveis mais elevados de sādhanā.


Ao mesmo tempo, as práticas de Saudação à Lua e ao Sol conectam o praticante aos ritmos cósmicos, reforçando a harmonia entre o interno e o externo, o lunar e o solar, a receptividade e a ação.


Em sua totalidade, o Método INatha não é apenas um programa de preparação técnica para o Haṭha Yoga, mas uma síntese pedagógica e ritual, que integra:


  • Tradição Nātha e tântrica, mantendo a fidelidade aos princípios clássicos do Haṭha Yoga;

  • Progressão técnica e experiencial, permitindo o aprofundamento seguro e gradual das práticas;

  • Ritmo lunar e solar, alinhando o praticante com os ciclos cósmicos e festivais sagrados;

  • Práticas complementares, que equilibram corpo, mente e energia vital.


Portanto, o método se apresenta como uma ponte entre tradição e contemporaneidade, entre números e vibração, entre disciplina e contemplação, oferecendo ao praticante um caminho estruturado, consciente e harmonioso para o desenvolvimento físico, mental e espiritual.


O ciclo anual do Método INatha, com seus Pūrvakramas, eixos vibracionais, meditações e práticas complementares, torna-se assim uma jornada completa de preparação, integração e expansão, guiando o sādhaka desde os fundamentos iniciais até a experiência plena da prática do Haṭha Yoga da Nātha Saṃpradāya.

 
 
 

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