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Śvāsa (श्वास): Uma Análise do Termo no Contexto do Sanātana Dharma, Tantrismo e Tradição Natha

  • Foto do escritor: INatha
    INatha
  • 14 de ago.
  • 3 min de leitura


I. Introdução

O termo sânscrito śvāsa (श्वास), traduzido como "respiração" ou "sopro", possui uma importância multifacetada dentro do Sanātana Dharma. Sua relevância transcende a mera função fisiológica, sendo central em práticas espirituais, terapêuticas e filosóficas. Este ensaio visa explorar a etimologia, os significados e as aplicações de śvāsa, com ênfase no tantrismo, especialmente no Siddha Siddhānta Tantra, e na tradição Natha, utilizando fontes acadêmicas e textos clássicos.


II. Etimologia e Significados

A palavra śvāsa deriva do radical sânscrito śvās (श्वास), que significa "respiração" ou "sopro". Sua origem remonta ao Proto-Indo-Europeu ḱéwh₁-os, do verbo ḱewh₁- ("crescer, ser forte"), refletindo a ideia de expansão ou movimento do ar nos pulmões. Em contextos filosóficos e espirituais, śvāsa é frequentemente associada à energia vital, sendo considerada a manifestação primária do prāṇa (energia vital) no corpo humano.


III. Aplicações no Sanātana Dharma

A. Medicina Ayurvédica

Na medicina ayurvédica, śvāsa refere-se a condições respiratórias, como asma e dispneia. Textos clássicos como o Aṣṭāṅgahṛdayasaṃhitā de Vāgbhaṭa e o Yogasārasaṅgraha de Vāsudeva discutem tratamentos para essas condições, incluindo o uso de ervas, purificações e práticas respiratórias. Além disso, a respiração é vista como um meio de equilibrar os doshas (humores) e promover a saúde integral.

B. Filosofia e Práticas Espirituais

Filosoficamente, śvāsa é considerada a ponte entre o corpo físico e a consciência superior. Através do controle da respiração, o praticante pode alcançar estados elevados de meditação e consciência. Textos como o Yoga Sūtras de Patañjali e o Bhagavad Gītā enfatizam a importância da respiração no controle da mente e na realização espiritual.


IV. Śvāsa no Tantrismo e no Siddha Siddhānta Tantra

A. Siddha Siddhānta Paddhati

O Siddha Siddhānta Paddhati, atribuído a Gorakhnath, é um texto fundamental da tradição Natha que aborda a filosofia e as práticas do Siddha Siddhānta Tantra. Neste texto, śvāsa é descrita como a manifestação do prāṇa no corpo humano e é central nas práticas de pranayama e controle da respiração. Através do controle de śvāsa, o praticante busca a união com o absoluto (Brahman) e a realização do estado de avadhūta (ser iluminado).Wikipedia

B. Técnicas de Pranayama

Dentro do contexto do Siddha Siddhānta Tantra, diversas técnicas de pranayama são ensinadas para controlar śvāsa e, por conseguinte, o prāṇa. Técnicas como kumbhaka (retenção da respiração), ujjayi (respiração vitoriosa), bhastrika (respiração do ferreiro) e sitali (respiração refrescante) são utilizadas para purificar os canais energéticos (nāḍīs) e despertar a energia kundalinī.


V. Śvāsa na Tradição Natha

A tradição Natha, fundada por Matsyendranath e sistematizada por Gorakhnath, é uma escola de yoga que integra elementos do tantrismo, hatha-yoga e filosofia Shaiva. Dentro dessa tradição, śvāsa é vista como a chave para o controle do prāṇa e o despertar da consciência superior. Práticas como kriyas, bandhas (fechamentos corporais) e mudrās (gestos simbólicos) são ensinadas para controlar a respiração e, assim, alcançar a realização espiritual.Wikipedia+1


VI. Glossário

  • śvāsa (श्वास): Respiração; também se refere a condições respiratórias como asma e dispneia.

  • prāṇa: Energia vital; força que permeia o universo e o corpo.

  • prāṇāyāma: Técnicas de controle da respiração para influenciar a energia vital.

  • kumbhaka: Retenção da respiração; prática avançada de pranayama.

  • kundalinī: Energia latente na base da coluna vertebral; seu despertar é objetivo de várias práticas espirituais.

  • nāḍī: Canais energéticos no corpo sutil.

  • bandha: Fechamento corporal utilizado para controlar o fluxo de energia.

  • mudrā: Gestos simbólicos que influenciam a energia e a consciência.


VII. Levantamento Bibliográfico

  • Vāgbhaṭa. Aṣṭāṅgahṛdayasaṃhitā. Tradução e comentários por K.R. Srikantha Murthy. Varanasi: Chaukhamba Orientalia, 1992.

  • Vāsudeva. Yogasārasaṅgraha. Tradução e edição crítica por K.K. Ayyar. Madras: Government Oriental Series, 1914.

  • Gorakhnath. Siddha Siddhānta Paddhati. Tradução por Akshaya Kumar Bannerjee. Benarés: Chowkhamba Sanskrit Series Office, 1963.

  • Svātmārāma. Hatha Yoga Pradīpikā. Tradução por Hariharānanda Āraṇya. Varanasi: Chowkhamba Sanskrit Series, 1971.

  • Gorakhnath. Gorakṣaśataka. Tradução e comentários por K.K. Ayyar. Madras: Government Oriental Series, 1915.

  • Feuerstein, Georg. The Yoga Tradition: Its History, Literature, Philosophy and Practice. Hohm Press, 2001.

  • Mallinson, James. The Gorakṣaśataka: A Critical Edition and Translation. YogaVidya, 2012.


VIII. Conclusão

O termo śvāsa transcende sua definição anatômica de "respiração", sendo um conceito central nas práticas espirituais do Sanātana Dharma. No tantrismo, especialmente no Siddha Siddhānta Tantra, e na tradição Natha, śvāsa é vista como a manifestação do prāṇa e a chave para o controle da mente e o despertar da consciência superior. Através do controle da respiração, o praticante busca a união com o absoluto e a realização do estado de avadhūta.

 
 
 

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